Chico ao vivo - 1999
"Esse show foi, mesmo, de lançamento de As Cidades. Tinha no roteiro todas as músicas do disco, menos Você, Você, a parceria com o Guinga, porque eu não consegui aprender a tempo. As coisas do Guinga são muito complexas. Consegui equacionar a questão harmônica fazendo dois violões, com o Luiz Cláudio, mas tinha a letra, também complexa. Ficou de fora" - foi só ela. Chico traça um encadeamento: "O show abre com Paratodos, que era a última canção do espetáculo anterior" - nada é por acaso.
São, ao todo, 28 números. Ou 29, se for contada a introdução a Chão de Esmeraldas, para a qual Chico foi buscar Capital do Samba, música de José Ramos, integrante da Velha Guarda da Mangueira (e que morreu pouco tempo depois). Alguns, muito difíceis de apresentar. "Como repetir em cena o arranjo de Construção do Rogério Duprat? Aquilo ficou tão marcado que eu tive que mudar a concepção da música. Mudei até o andamento, que ficou meio um xote", conta.
Mais uma vez, o compositor fez balanço de carreira. Foi buscar canções que fizeram sucesso em vozes alheias, como Teresinha, composta para a Ópera do Malandro, sucesso nacional na voz de Maria Bethânia. E homenageou seu mestre Tom Jobim, numa interpretação densa e emocionada de Sem Você - a letra de Vinicius de Moraes ganha outra nuance e parece chorar não a ausência da mulher amada, mas a partida do compositor querido.
Gravado no ex-Palace, hoje DirecTV Music Hall, em São Paulo, em abril de 1999, esse Ao Vivo (que virou também DVD) guarda momentos inesquecíveis - como quando Chico canta Quem te Viu, Quem te Vê e a platéia o aplaude na hora daqueles versos inesquecíveis: "Bate palma com vontade, faz de conta que é turista".
Foi o quarto disco ao vivo de Chico (houve aquela tentativa com o Paratodos, que não satisfez ao compositor e nunca foi lançado). Trouxe para o público músicas pouco óbvias, como Cotidiano, que não era cantada havia 20 anos. E resultou tão bom, musical e plasticamente, que virou DVD. O primeiro da carreira.